Constelações Sistêmicas e Coaching Sistêmico
Um olhar psicanalítico sobre a depressão
28/06/2011 20:18A vida resume em ser, por que temos tanto medo disso?
Por que nos é tão difícil nos entregarmos e simplesmente sermos?
(LOWEN, 1986. p. 108)
A depressão muitas vezes ocorre até quando tudo parece estar bem em nossas vidas. Mesmo em momentos em que se atinge o sucesso financeiro, reconhecimento profissional, relacionamentos afetivos estáveis.Foge á razão e a lógica.
Freud, ao estudar a melancolia, acreditava que ela era causada por uma inibição na expressão da dor, podendo em alguns casos estar relacionada à perda do objeto de amor, no início da vida do indivíduo.
Estas perdas podem ter acontecido nos primeiros meses de vida, nos primeiros anos, porém deixam no indivíduo fortes registros. Registros que nos acompanharão pelo resto da vida,quando não tratados, tais como: Privação, supressão, frustração.
Privação no adulto se transforma em qualquer tipo de dependência: Seja afetiva, alimentar, vícios que leva a depressão, ao medo da auto-afirmação.
Supressão transforma a atividade em passividade, pessoas atolados no próprio medo, ambivalentes, com repetidos históricos de sucesso e fracasso, ganhos e perdas.
Frustração gera adultos rígidos, histéricos, obsessivos, compulsivos.
Não há quantidade de brinquedos, roupas ou qualquer objeto que substitui para a criança a ausência de contato físico e de afeto com a mãe.
Alguns pais às vezes me perguntam no consultório: Quanto de contato com a mãe precisa um bebê para não se sentir privado?Se eu pegar meu filho no colo ele ficará manhoso?
Quanto tempo deve a mãe segurar seu bebê no colo e amamentá-lo sem deixá-lo mimado?
A verdade é que não há exatidão nesta resposta. Cada criança tem necessidades diferentes. Somente a criança sabe o quanto de contato realmente ela precisa ter.
Sem dúvida algumas crianças pedirão mais que as outras. O bebê demonstra as suas necessidades chorando. Através do choro ela nos indica que precisa de atenção. Deixar uma criança chorando, sem responder, provoca um sentimento de desespero e solidão e o ato de suprimir o impulso de chorar se desenvolve. Muitas mães não suportam o choro da criança, se irritam e reagem com hostilidade ou com a retirada de seu amor se engajando um em conflito de poder e manipulação da mãe com o bebê e ela vence; o bebê pára de chorar, pára de desejar, torna-se passivo, resignado.
Posso afirmar que não se estraga um bebê com amor. Falo de um amor real e genuíno. E amor para o bebê nada mais que um sentimento terno e que vá de encontro com as necessidades reais das crianças e não do que a mãe “pensa” que a criança precisa.
Outros sentimentos como raiva, negatividade e hostilidade, também são suprimidos desde a infância. Raiva embotada futuramente se transformará em tristeza.
A supressão de sentimentos cria uma predisposição para a depressão, uma vez que ela impede o indivíduo de confiar em suas impressões e sentimentos. A depressão nem sempre está associado ao momento de vida do paciente. Tem suas raízes na infância. Pode ser fruto de uma carência afetiva, necessidades não satisfeitas e sofrimentos vivenciados ainda bebês.
A pessoa deprimida vive presa no passado com uma correspondente negação do presente e ao mesmo tempo, vive no futuro tão pouco realista em termos do presente.
As necessidades que não foram satisfeitas na infância, não podem ser saciadas na idade adulta. O adulto deve procurar esta segurança dentro de si mesmo e é aí que processo analítico para se encontrar esta segurança passa a ser um grande caminho.
Claudiane Tavares
Psicanalista clínica
Coach Internacional pelo sistema ISOR
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